quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

DICÃO - Quase fui embora de casa.


Era um passeio de carro. Eu amava! Geralmente meus pais me levavam a um lugar cheio de grama, com outros cachorros para eu brincar. E aquele dia era isso que eu esperava. Mas eles foram além, rodaram toda cidade. Demorava a chegar. Até que pararam em frente a uma casa. A primeira vez fazendo uma visita a alguém? Senti-me privilegiado por meus pais me levarem. Isso era melhor do que eu imaginava.
Brinquei com o outro cachorro da casa enquanto eles, humanos, conversavam. De repente percebi algo estranho: meus pais estavam indo embora sem mim.

Como eles poderiam me esquecer? Corri para a janela da sala para avisá-los que eu ainda estava lá. Chorei, gritei, mas eles se foram. Foi uma angústia. Perdi a vontade de brincar com o outro cachorro, não reconhecia os humanos que estavam ali, embora cuidassem bem de mim. Fiquei incomodado a ponto de me desentender com o cão, e como o território já era dele, acabei apanhando  me rendendo à sua liderança. Passaram-se lentos 7 dias. Não sabia mais o que fazer para encontrar novamente meus pais. Minha vontade era fugir, mas os muros eram tão altos e, pela viagem que fizemos de carro, eu estava muito longe do meu lar.

Um dia, como uma luz no fim do túnel, vejo meus pais retornarem. Sim, eram eles! Não pude me conter. Abriram o portão e eu já corri para o carro. Era a melhor sensação do mundo: ver de novo quem tanto amo. Pensei: eu sabia que vocês não me abandonariam.

Eles também estavam felizes. Depois entendi tudo. Eles moravam de aluguel e mudaram para uma kitnet, onde não me “cabia”, por isso resolveram me doar. Papai me contou que mamãe chorou muito no dia em que me deixaram naquela casa. Ela mesma me disse depois que ficou torcendo para que eu não me adaptasse. Ela me pediu desculpa e disse que sou filho, responsabilidade deles, e que a vida deles tem que ter lugar pra mim. Eu a desculpei, claro. Não há por que guardar rancor. Percebi que sofremos juntos naqueles 7 dias. Desde então estou aqui, na kitnet, dividindo espaço com meus pais e mais duas irmãs, também resgatadas e adotadas da rua. Sou feliz.

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Por isso amiguinhos, para evitar sofrimentos e transtornos (não desejo o que eu e minha família passamos para ninguém), antes de ter um grande amigo, que também é uma grande responsabilidade, considere alguns aspectos, como:

1 – Tempo: tenho tempo disponível para cuidar, limpar e brincar? Sim, a brincadeira é importantíssima. Cães precisam gastar energia, principalmente quando filhotes. A higiene dele e do local onde fica também é indispensável. É um cuidado diário.

2 – Espaço: não só de áreas grandes vivem cães, mas é preciso planejar para recebê-los, seja em um apartamento ou em um sítio. Local para fazerem suas necessidades, seu cantinho de dormir e delimitar o espaço que você quer que ele frequente ou não.

3 – Recursos: cuidar de um animal exige gastos. Ração, medicamentos, vacina, castração, banhos...tudo isso passa a ser parte de suas contas fixas.

4 – Comportamento do animal: considere que todo animal tem personalidade e ao escolher por alguma raça, analise se o comportamento dele se adequa a sua rotina. Tenha paciência com as travessuras, muitos levam tempo para aprender.


Em contrapartida, você terá muito amor e bons motivos para sorrir.





E se você gosta de animais e no momento não pode ter um. Ajude muitos que precisam. Contribua com protetores de sua cidade ou seu estado. Veja quem faz um trabalho sério e ajude no tratamento e mudança de vida de muitos peludos.

Combinado? Tem mais alguma dica ou uma história para compartilhar? Me conte nos comentários.

Um cheiro e um pulo na camisa branca de todos.


Elvis Dog.

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